28/07/2007
Heróis espaciais.
Agência FAPESP – Nos mais de 40 anos de exploração espacial humana houve notáveis evoluções nos veículos, nos sistemas de controle e comunicação e em diversas outras tecnologias. Um item, entretanto, pouco mudou: o vestuário.
As roupas continuam enormes e pesadas. Formam uma bolha de proteção para os astronautas, mas acabam limitando seus movimentos. Mas a imagem de Neil Armstrong e Buzz Aldrin se deslocando desajeitadamente pela superfície da Lua deverá ser substituída por outra bem diferente quando o homem chegar a seu próximo destino.
Os modelos que serão usados em Marte deverão ser mais parecidos com os que estão sendo desenvolvidos no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. Dava Newman, professora de aeronáutica, astronáutica e sistemas de engenharia, acaba de apresentar os primeiros resultados de pesquisa apoiada pelo Instituto de Conceitos Avançados da agência espacial Nasa.
A principal diferença do traje feito pelos pesquisadores está na maior mobilidade, uma vez que permite realizar com facilidade movimentos como dobrar os braços e joelhos, ações aparentemente simples, mas quase inviáveis com as roupas atuais.
Feito com materiais como náilon e spandex (fibras sintéticas elásticas), o BioSuit lembra mais a roupa de um super-herói de história em quadrinhos do que a de um astronauta – mais para o Homem-Aranha do que para John Glenn.
“Trajes espaciais tradicionais não permitem a mobilidade e a capacidade de locomoção de que os astronautas necessitam para missões de exploração em gravidade espacial”, disse Dava.
Quando um astronauta precisa vestir um traje especial em ambiente de microgravidade, como no exterior da Estação Espacial, o peso e desconforto das roupas atuais são suportáveis, mas o mesmo precisará ser evitado na exploração lunar ou marciana. “Trata-se de um cenário totalmente diferente, em que será preciso caminhar, correr ou pular”, disse Dava.
As roupas de astronauta atuais pesam cerca de 150 quilos, são pressurizadas a gás e exercem força no corpo do astronauta para protegê-lo dos rigores espaciais. O BioSuit, baseado na contrapressão mecânica, usa diversas camadas grudadas que formam uma espécie de segunda pele.
A equipe do MIT trabalha há sete anos no projeto, em conjunto com uma empresa de design. Segundo os pesquisadores, os protótipos ainda não estão prontos para viagens espaciais, mas demonstram o que se espera atingir: trajes leves, confortáveis e aderentes para permitir que os exploradores possam se movimentar sem a menor dificuldade – e sem se cansar tanto como ocorre com as vestimentas atuais.
Outra vantagem do BioSuit está na segurança. Se um traje tradicional for furado por um minúsculo meteorito ou qualquer outro objeto, o astronauta tem que voltar imediatamente à espaçonave ou base, antes que ocorra a descompressão. Com a nova roupa, um pequeno furo pode ser consertado no próprio local, imadiatamente, com um remendo adesivo, sem afetar o restante.
Os pesquisadores esperam que os novos trajes também ajudem a diminuir a perda de massa muscular, que chega a 40% em viagens espaciais prolongadas. Segundo Dava Newman, o BioSuit deverá estar pronto até o retorno do homem à Lua, esperado para a próxima década, e para as futuras viagens a Marte.
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